A Lei de Trabalho
Nos primórdios da humanidade todo o esforço era direcionado para a busca por alimento, abrigo e por reprodução. Certamente um estágio evolutivo que nos prendia às lutas diárias de labuta por sobrevivência. Descoberta a agricultura e a civilização, pudemos nos fixar à terra e criar nosso maior patrimônio, a cultura. Assim surgiram as mais diversas ocupações, já que a energia antes gasta para caçar animais poderia então regrar o homem e trocar sua força de trabalho por diferentes benefícios.
O escambo ou a simples troca, pouco a pouco deu lugar ao comércio. Isto significa que o dinheiro se tornou o meio para a aquisição dos desejos humanos. No presente, o capital é sinônimo de poder de consumo, mas ocultamente a técnica faz do homem um ser aperfeiçoado, em diversos aspectos.
Cada profissão, cada papel remunerado em nossa sociedade contribui para a ordem das coisas, para a manutenção de uma sociedade interdependente. Assim, quando nos tornamos professores, além do pagamento em espécie, recebemos as benções de transformar o destino de vidas alheias. E quando nos tornamos garis de rua, além do salário justo, desenvolvemos a humildade, a simplicidade de executar um trabalho essencial para a saúde pública.
Não cabe a nós ver apenas a superfície dos fenômenos, mas as entrelinhas que servem de elevação para os Espíritos encarnados. Entre as Leis Divinas, a Lei de Trabalho é imprescindível para que o homem seja ele mesmo merecedor de seu sucesso.
A profissão na atualidade possui sua utilidade imediata de desenvolvimento de habilidades técnicas e também de ganhos financeiros. Porém, outro tipo de trabalho deve-se colocar em primeiro plano. Trata-se da abnegação, a dialética cristã em sua essência pode-se dizer.
Pois que este movimento da consciência produz a materialização do bem. Então, para afirmar o Ser, sendo este Ser outro Ser diferente de mim, pratico minha própria negação. E como efeito mediado recebo a afirmação daquele a quem amo em si. Nossos pais certamente fizeram sacrifícios por nós, e por isso somos o que somos hoje.
E da mesma forma, Cristo abnegou-se por Pedro, ou seja, afirmou-se ao discípulo. Pedro, por sua vez na tentativa de compreender o movimento cristão então o negou por três vezes. Mas isso não foi em vão, pois em seguida o afirmou por três vezes diante dos Romanos, no primeiro capítulo dos Atos dos Apóstolos.
Discorro sobre esse movimento da consciência humana, que afirma e depois nega para exemplificar que as habilidades que desenvolvemos podem e devem ser colocadas em prática, sem visar nenhum tipo de recompensa, nem imediata, nem posterior, sem pagamentos financeiros e sem qualquer reconhecimento humano.
É a negação de si mesmo, literalmente, para que se possa afirmar a caridade em prática, cujo efeito é o bem em si, na sua forma pura. Pois nada espera, apenas faz porque deve ser feito. Alcançada esta condição, pensamento conhece a si mesmo como verdade e contribui para a ascensão da humanidade.